sexta-feira, 22 de julho de 2011

Desencontro

Ele partiu logo que soube
Em seu cavalo alado
A procura da bela que dormia
O seu sono encantado


Ele encantado dela,
Enfrentou um mundo hostil
Não importava, intrépido o herói viajava
Para ver o que ela ainda não viu.



Ela, no vigor da juventude

Tão linda, tão serena dormia
E assim sonhava há anos,
Com o príncipe de quem não sabia.


Mas se em sono estava
Aquela que foi tão amada 
Por tantos desejada,
Do sono não quis acordar.


Ele certamente a acharia
Como no sonho um dia,
A acordaria com o seu beijar.


Mas que desgosto e tristeza
Ele era ela mesma
Que estava a procurar
Ela e ele choraram no encontro em vermelho
A dor de correr atrás de si mesmo,
Através do próprio espelho.


Gláucia Carvalho
22.junho.2011
(PARAFRASEANDO FERNANDO PESSOA - O melhor!)

domingo, 17 de julho de 2011

Devoção

Não me sei, não me possuo.
Tenho algumas manias apenas.
Que ainda deverão ser eliminadas ou lapidadas,
Pelas mãos de Quem me tem.
Ele me sabe por inteiro,
Eu prefiro somente me prostrar,
A Quem assim por inteiro,
Se deu por mim, por tanto me amar!

Gláucia Carvalho
17.7.2011

domingo, 10 de julho de 2011

Tamanho

Como eu posso medir com fé tão pouca
A grandeza e a misericórdia de Deus
Seria eu tola e louca
Sempre envolta nos amores Seus.


Por vezes sinto um vazio no peito
Uma dor aguda da solidão,
Aí relembro o Filho dado
Por me amar, pelo perdão.


Pelo anseio de ansiar
Pelo receio de recear
Pelo recado não recebido
Simplesmente por não ter lido!


Vislumbro suas mãos segurando os mares,
Sinto sua voz, mandando nos ares,
Ele que tem controle de tudo e todos,
Poderia acaso me esquecer?


Não a minha vida não é um acaso,
Não é um caso perdido,
Quando eu fui por Deus achada,
Eu vivi, embora tenha morrido!


Gláucia Carvalho
10.julho.2011

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Partida ao meio ou Partida no meio

Eu queria ter pra dar, eu não tenho.
Eu queria mais lágrimas pra chorar,
Me contenho.


As últimas já encheriam um mar,
Salgado, malvado de solidão.
Ah quem dera fosse doce esta água,
Ah quem dera em vez de mar, tivessem no chão,

As minhas pegadas pregadas,
Em alguns espaços só meus,
Ah quimera , quem dera, quem dera,
Nunca mais um adeus!


Só me restam alguns restos de palavras,
Que expressem um traço do que eu era,
Pois os lados ambíguos de mim mesma,
São inverno e também primavera.


O primeiro é lotado de dor e saudade,
O segundo é farto de amor e bondade,
O primeiro me faz sempre querer ir,
O segundo me diz para não mais partir...

E num parto doído eu parto vazia,
Do que eu reneguei, do que não tive pra dar,
E assim eu me escondo por medo e desgosto,
E não sou achada, sem nem mesmo sair do lugar.


Gláucia Carvalho
5.julho.2011

terça-feira, 5 de julho de 2011

Tanto que amar

Eu passeei na floresta,
Fui buscar umas flores
Eu tenho tantos amores.


Fui passear lá no bosque,
Atravessei o poste,
De onde se vai à Nárnia.
Lá de encantos e castigos,
Tentei trazer um bocado de manjar,
Eu tenho tantos amigos!


Fui tomar banho de cachoeira,
Pra lavar a alma inteira
E buscar da mata uns perfumes,
Eu tenho tantos costumes.


Estou planejando ir ao cume,
De uma alta montanha,
Talvez de lá voar,
É tão denso o meu pensamento
Eu vivo este momento,
E tenho tanto que amar!


Gláucia Carvalho
5.julho.2011