sexta-feira, 20 de novembro de 2009

O Aquário


Um Aquário largado,
Dantes usado, apreciado,
Cheio de águas límpidas,
Com seres marinhos diversos!

Adverso ao verso supracitado,
Alguém avista o aquário largado,
E assim, sem pensar se quadrado,
De vidros completamente embaçados,
Este ser o aquário acolheu...

O limpou, lustrou com tamanha coragem,
Vendo em sonhos o mar em miragem,
Viajando no mar mergulhou...
Sentiu então que os seres marinhos,
Vivem em aquários divinos,
Que vidros todos não os poderiam comportar!

Deixou o aquário exposto,
Vazio de tudo, num quarto,
De onde se escuta o mar...

Dizem que o deixa até hoje,
O aquário cheio de ar.
Isto foi há tanto tempo,
Mas a lição teve um intento,
Que serviu-me de alento tal,
Que quis este momento eternizar!

Aprendi a lição que os seres marinhos,
Estão para a água,
Assim como os pássaros para o ar....

O "Aquário"?? Dizem os mais antigos,
Continua no mesmo lugar!

Gláucia Carvalho
entrando no dia 21.11.2009.

(Inspirado e dedicado ao meu amigo/irmão, Ricardinho Mendes)

quinta-feira, 19 de novembro de 2009


Eu preciso escrever algo!
As palavras estão me surrando,
E quero largá-las a esmo,
Enquanto estou respirando.

O ar é todo melancolia,
É sempre escuro o meu quarto,
Deve ser um ritual da poesia,
Assim como se sofre no parto.

Depois das palavras paridas,
Onde desejo dormir,
Sou novamente possuída,
Por outras histórias paridas,
Ao iniciar de nova gestação.

Nova estação de perguntas,
E respostas sem existir.
Vou gerando quaisquer tolos versos,
Para, novamente, com dor os parir!!!

Gláucia Carvalho
20.3.2009

Queria noites mais longas,
Com seu mistério e escuridão.
Queria menos som, menos sol,
Somento o canto noturno,
Doluar, de um mar, talvez de uma paixão...

Queria que não fossem derradeiras,
As ladeiras destas emoções,
Queria acesas as fogueiras,
Que queimam de aletria,
Tornam em pó a agonia,
De esperar as festas e seus balões...

Queria ter tudo isto eternizado,
Numa noite, cujo batizado,
Deu-se quando eu nasci...
Fim de tarde bem adiantado,
Precipícios de lua, foi a veste que vesti,
Não se se já era madrugada,
Não sei exatamente em qual entrada,
De uma escuridão tão linda,
Invadiu minha boca pueril
E pela primeira vez eu sorri!

Gláucia Carvalho
5.5.209

(nasci às 18h30. Talvez por isto ame tanto o revirar da tarde para noite)

Dia de ventania


Este dia teve todos os tempos
Agora, chove uma chuva de vento,
E ao longe escuto trovões.
Assim vagam meus pensamentos,
Distantes num mesmo trem
Separados por tantos vagões

É vago o instante de agora,
Nem sei bem o que sentir
Se é hora de aquietar-me os trovões,
Se é hora de assim mesmo partir.

Tenho pavor desta mágoa,
De não saber o que virá após,
Tenho pavor desta água,
Que desce ao relento como nós...

Sem destino, sem um lugar certeiro,
Levada a regatos e alguns canteiros,
Separando ainda mais o que sobrou.
Feito dia, a claridade sombria,
Mostra o pouco que restou...

E vem chuva e eu vou chovendo também,
Vou molhando alguns lugares,
Em milênios talvez eu me junte aos poucos,
E me encontre em qualquer um,
Dos sete mares.

Gláucia Carvalho
25.09.2008