Charlie Sheen e o Capetinha
Estou abismada com a situação crítica do ator Charlie Sheen.
Eu sempre fui fã dele por ser um excelente ator de comédias. “Top Gang” foi uma sátira incrível a alguns filmes. Assisto um episódio ou outro de Two and a Half Men, porque acho interessante a interação dos irmãos com Jake. O garotinho prodígio. De fato os criadores da série são mesmo muito inteligentes, pois conseguem tirar humor da degradação humana encarnada no personagem de Charlie.
Depois que ele foi demitido da Warner, só ouço falar de Charlie Sheen, ou Harper, pois vejo que os dois se confundem. A que ponto o homem (não o personagem) chegou? Porque as celebridades ganham holofotes até mesmo quando são desagradáveis, arrogantes e porque a imprensa ama a desgraça alheia?
Hoje resolvi seguí-lo no Twiter e a mensagem única que ele enviou neste dia 11.3.2011, foi demonstrando sua tristeza diante da tragédia ocorrida no Japão. De que devemos ser solidários em união e amor em favor daquele sofrido povo, exatamente no momento em que eu orava pelos japoneses.
Hum... quem é Charlie Sheen afinal? Senti compaixão dele. Ele é viciado em todo tipo droga, álcool, prostituição, completamente preso em si mesmo nos seus medos e neuras. Como qualquer ser humano, ele precisa desesperadamente de Deus! Porque não o deixam em paz? Porque o show é mais importante que a vida?Porque a imprensa prensa ao limite as celebridades, quando há tanto mais que se noticiar?
Na contra-mão, lembro-me da primeira vez que vi o “Capetinha”, no centro da cidade onde resido. Um menino, uma criança de 12 ou 13 anos, aparentando ter menos ainda certamente por maus tratos e uma óbvia desnutrição. Alertaram-me que ele era um dos mais perigosos traficantes de “Crack” da região, também viciado nesta praga assim como Charlie Sheen.
Era ele misturado aos seus clones, sem história, temidos, temerosos, escondidos, vagando nas noites frias. Não tenho muito o que contar do “Capetinha”. Eu nunca sequer soube o seu verdadeiro nome. O que me choca, neste drama todo, é que ele nunca ganhou as manchetes de nenhum jornal. Nem uma coluna pequena. Nem no obituário, pois “Capetinha” foi assassinado brutalmente e teve o seu corpinho de menino exposto. Nu! Ali no meio da rua. Isto não valeu sequer uma foto. Qual a diferença de um e de outro?
Eu chorei quando “Capetinha” morreu. E chorei quando soube que mais alguns meninos que andavam com ele também tiveram o mesmo destino. No jornal? NADA!
Hoje eu choro pelo Japão. Choro também por Charlie Sheen e peço a Deus que ele ainda tenha tempo de se arrepender e salvar a sua alma. Só ele mesmo, que está vendo sua vida desmoronar, com seus filhinhos sendo retirados de seus braços, com o problema do vício, do vazio, sabe que não resistirá por muito tempo. Certamente não será esquecido, como já foi esquecido e substituído o pequeno “Capetinha”.
Gláucia Carvalho
11.3.2011