domingo, 30 de outubro de 2011

Sorriso de Deus

Quem mede na concha de suas mãos os oceanos
Quem faz o tempo parar e para Ele não importa se um ou mil anos,
Quem criou cada estrela neste complexo indecifrável,
Quem deu a cada estrela seu próprio nome?

Quem é capaz de ser tão intenso em amar,
Que suas misericórdias duram eternamente,
Assim como são renovadas a cada manhã,
Quando a minha manhã, já é o entardecer de outro alguém?


Estes outros tantos que Ele ama por igual,
O homem criatura à sua imagem e semelhança
Quem mais que a nós  Ele amaria?


Uma encarnação do trono para a estrebaria,
Um homem simples que não teve nada além da cruz,
E que é a essência do grande Criador.
Amor, amor, amor, amor!


A Ele toda glória,
Para Ele tudo que sou
E que os sussurros dos santos penetrem em minha alma,
Lembrando-me de onde vim e para onde vou!

Gláucia Carvalho
30.outubro.2011
(readaptado depois  de um singelo alerta, à luz da palavra, por um grande poeta e grande amigo. Obrigada D.)

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Espera

Vou vivendo a vida traiçoeira,
Jurando que esta tarde é a derradeira,
A que me trará o sono eterno,
Ao lado de quem por nós se deu!


Não fui eu, eu nada merecia,
A Ele apenas cabia,
Amar-me sem cabimento,
Onde ciência e entendimento,
Se confrontarão até o fim.


Eu vivo dia após dia,
Aguardando a maior alegria,
Meu sonho mais antigo,
De ver meu melhor amigo,
Meu pastor e salvador,
Após o esquecimento das coisas daqui,
Aprender as melodias quem ninguém sequer pode imaginar,
Guardadas, sagradas, entoadas, por aqueles a quem a Ele se entregar!


Gláucia Carvalho
26.10.2011

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Agonia

Por uma rima
Perdi minha sina.
Por um soneto,
Uma poesia,
Perdi mim mesma,
E a alegria.


Poetas ingratos,
Que nos enchem os pratos,
Com seus dizeres fatais,
Mal sabemos lá quantos venenos,
Engolimos nos finais.


A esperança da semente brotar
De vir sombra, um balanço e a menina a voar,
Decorados seus sonetos, suas poesias cantadas,
Pouco sabe ela que mordeu a isca,
Já maldosamente premeditada.


Aviso aos navegantes.
Fujam da pedra no caminho,
Fujam, antes que seja tarde,
Ser o que se mói e o moinho.


De preferência não leia nada,
Apenas observe ao longe,
Porque se te morde a praga,
De viver presa como um monge,


Sua tristeza será amar os poetas,
Amar loucamente a poesia,
E não tem mais jeito vira sangria,
O que te salva e também te mata em agonia!


Gláucia Carvalho
25.outubro.2011

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Urgência

Trovão, troveje!
Chuva, chova!
Morte, morra!
Amor, não demore!
Vida, clame!
Chama queime!
Eu? ame!


Gláucia Carvalho
13.outubro.2011

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Calmaria

Tempestade lá fora
Parece que o universo conspira
O meu ser quase não respira
O instante de agora.


Mas embora pareça distante
O socorro em mim interfere
Mesmo achando-me no último suspiro
O consolo que ao Santo confere,
Me deságua por rio tranquilo
Sinto a calma do Pai sendo filho,
Sinto o gosto do ai ir embora
Calmaria dentro em mim, aqui e agora!



Gláucia Carvalho
(final de 2010)
Dedicado ao meu irmão Rogério

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Poetas

Depois de tanto ler exaustiva,
Os poetas que de poetas exalam melancolia,
Entendi que a pretensão de ser como eles,
Nos custa gestacionar a poesia.


E com ela todas as dores e agruras,
De uma mãe que se doa até o limiar,
Onde fica o sorriso da criatura,
Onde mora o eterno chorar.


Pois aquilo que já findo não tem volta,
Tenho certeza de que muito poeta se arrependeu,
De ter escrito em obra de arte,
O que era só seu mas que infortunamente, nasceu.


Gláucia Carvalho
6.10.2011