Na maior parte do tempo sou alienada.
Exato! Não sei de nada!
E do pouco que entendo, não quero saber.
Saber é sofrer!
Cansei daqui.
Sou salomântica inteira.
O que me prende é videira,
De onde vem vinho bom.
Nada mais recebe meu apego.
Tudo que amei nesta terra, me dá medo!
Sou apenas mais uma na multidão.
Clone de outros clones que sofrem da pior solidão.
Ter gente por perto e sentir-se só!
Ah que dó!
Ser quem habita em meu ser.
Me resumo a dores diárias sem fim.
À saudade dos que partiram sem mim,
E me deixaram neste lugar hostil.
Talvez uma praia deserta, talvez uma cachoeira,
Que me lavasse alma inteira,
Derramasse um pouco dos prazeres que o Criador nos deixou.
Meu resumo, ratifico, é solitário.
A um piano e uma voz que se calou.
E me pergunto exaustivamente:
- será que alguém realmente me amou?
Gláucia Carvalho
05.12.2015
05.12.2015