quinta-feira, 2 de junho de 2011

Vária

As vezes sou vária.
Numa condição de ser muitas em uma só.
Sinto saudade do meu minuto em sossego,
Depois que a vida deu um nó.

Um nó cego e sendo vária, cega fiquei,
Apenas para algumas coisas que não quero ver.
Mas mesmo sem querer, eu ainda vejo,
E distribuo em breves lampejos meus desejos.

Eles não sou eu, são apenas intrusos,
Que travam entre mim e mim uma luta crucial.
Eu exausta fico, a brigar comigo,
Sem comemorar quem ganha no final.

Se sou eu a vária se sou eu a que veleja,

Este oceano que em mim reside,
Com suas tempestades e suas calmarias.
Ah eu queria contar um pouco de dias,
Em que estou em paz comigo mesma.

Mas sinto ser impossível nesta terra,
Que se acerta, que se erra,
Não ser vária a tentar conter meu ser
Esta escreve algumas palavras,
A outra resiste bravamente ao que lê!


Gláucia Carvalho
2.5.2011

Um comentário:

J.F.AGUIAR disse...

Gláucia, minha irmã e amiga,
resista bravamente... suas palavras
Plumas e aço cortante
A poesia e suas possiblidades,
A poetisa e suas razões...
A poesia e suas ficções
A poesia e seus sentimentos.
Brisa e furação
Amanhã, quem sabe?
Teremos palavras amenas