sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Contraste

Contraste na rua,
Constraste na alma.
Uma segue nua,
Pra pagar uma refeição por dia.


Fiz um retorno tão torto,
Vi sacos de lixo imensos,
Entre eles um homem quase morto.


Talvez ali mesmo entre o lixo,
Tivesse o indigente um bicho,
Um amigo, uma companhia,
Enquanto os homens traíam suas campanhas,
Regadas de Champagne e pizza!


Foi bem perto dali, eu vi as torres.
As nossas torres gêmeas univitelinas,
Alimentadas por vitaminas,
Que têm por nome calote, chacota, vergonha e desgraça.


Não, não consigo achar graça nas festividades.
Não consigo esquecer-me daquele morto-vivo entre os sacos de lixo,
Confundo-me até se ele e seus clones não olham para os vistosos prédios do poder,
E acham, num último suspiro de vida, que são eles os ministros, 
Suas Excelências, o saber,
Pois têm no mínimo o mínimo que lhes resta  da festa imunda,
Até que sobra de pizza se funda,
Com ceias gordas de natal.


Feliz natal Sr. Nada. 
No Sr. eu vi tudo com clareza,
E tenho um desejo imenso de que Deus faça justiça rápido,
Pra que eu veja pela última vez, algum tipo de beleza!


Gláucia Carvalho
23.12.2011

Um comentário:

J.F.AGUIAR disse...

Nossa triste realidade....fome abandono...
Permita-me
Por umas moedas
Me vem um menino
Lavar o parabrisa
Quem tem carro precisa enxergar
Quem tem fome precisa comer
Meninos malabaristas...
Limões aos ares
Não se faz limonada
Vida azeda,mais que ácida
Não foram os meninos
Que comeram a merenda das escolas
Foi um bicho chamado Sua excelência
E está solto pelas ruas...

Gláucia estamos vivendo uma sindrome: "Humanite aguda"