quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Contos do Inverno no Sul

Era madrugada ainda. Naquele momento quando o mar escuro é surpreendido por flashes dos raios celestes em cores ainda não decifradas.
Fiquei estagnada olhando aquela paisagem tão absurdamente controversa. O mistério do mar, a noite que tudo tinha silenciado, vinha sendo dissipada por uma força de cores e luz!
Tentei olhar mais longe, mas meus olhos ficaram fixos em uma bola redonda que foi surgindo de dentro do mar.
Eu estaria sonhando ainda, ou aquilo era real?
Chamei meu filho que ainda dormia e ele ajeitou os óculos pra que pudéssemos entender o que estava acontecendo. Em apenas alguns segundos, enquanto ele ajeitou seus óculos, lá surgiu no horizonte. A bola redonda. Meio céu, meio mar. E foi subindo rápido e devagar sem que a gente pudesse notar.
Que bola marota! Parece uma bola de futebol nos pés dos artistas jogadores brasileiros.
Eu bem já tinha ouvido que ela sempre aparece depois de uma noite inteira de escuridão.

Em um morro não muito longe de onde estávamos, por entre névoa, tons de laranja, algumas poucas estrelas, nossa atenção foi totalmente absorvida por uma revoada de pássaros. Enquanto eles brincavam de se esconder, talvez Deus tenha sorrido de nós dois...

Eu e meu filho, estáticos, sem saber para onde olhávamos, fomos surpresos mais uma e outra e outra vez. O sol já estava alto.

Um dia eu pego esta bola subindo. Um dia...
(E Deus deve estar sorrindo de mim agora mesmo...)

Gláucia Carvalho
27.2.2014

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Canseira

Ah que dias são estes que me dão canseira.
De segunda, a sexta feira,
Não gosto de saber.
No sábado e domingo,
Tenho pavor de viver.

Ah como passou rápido a época em que dizia,
Este período eu todo reviveria,
Só porque eu tinha paz.
Não tenho mais.

As horas são lentas, os homens não se cansam,
De destruir, construir e destruir novamente,
Penso que de repente, era melhor nem ouvir.
O barulho daquilo cai, o barulho do que começa a subir.

Já me cansei por demais desta vida,
Tenho tempo pra passar, tenho nada pra fazer,
Os dias alimentam minha tristeza,
E o que espero é morrer!

Deixar de sonhar já deixei,
Quem tinha que amar já amei,
O que era pra perdoar, perdoei,
Cansei, cansei, cansei!

Gláucia Carvalho
24.2.2014

Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas em mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei pela salvação da sua face. Salmos 42:5

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Surpresa

Surpresa é surpresa!
É a mousse de sobremessa!
Não tem graça se contar que existe.
Assim se foi o meu coração desacreditado e triste,
De que paixão não avisa quando vem.
Ela te arrebata com tudo que você tem,
E te deixa assim mesmo de mãos vazias,
Que antes estavam frias,
Mas foram aquecidas da loucura,
Que é parte insana, parte pura,
De algo que não se pode controlar!

Surpresa, mas que grata surpresa!
Saber que olhos nos meus olhos,
Mãos nas minhas mãos,
Um sonho de um beijo,
E na face um tímido rubor,
Lembram a esta mulher,
Que ainda existe amor...

Gláucia Carvalho