quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Flor

Certa feita alguém me disse,
Que o seu nome em tudo te influencia.
Como se fosse sua história, ou sua poesia.


O significado do meu
É flor delicada,
E se não estão expostos os espinhos,
É que nascem doídos  e tantos
Me deixando uma dor encravada.


Gravei na mente outros nomes,
Que poderiam me chamar
Porém eu serei toda vida
A flor, ainda que doer seja.
E como eu me casei com a saudade
O meu sobrenome é tristeza.

Gláucia Carvalho
28.12.2011
(em memória da minha irmã. Te amo querida. Até breve)

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Contraste

Contraste na rua,
Constraste na alma.
Uma segue nua,
Pra pagar uma refeição por dia.


Fiz um retorno tão torto,
Vi sacos de lixo imensos,
Entre eles um homem quase morto.


Talvez ali mesmo entre o lixo,
Tivesse o indigente um bicho,
Um amigo, uma companhia,
Enquanto os homens traíam suas campanhas,
Regadas de Champagne e pizza!


Foi bem perto dali, eu vi as torres.
As nossas torres gêmeas univitelinas,
Alimentadas por vitaminas,
Que têm por nome calote, chacota, vergonha e desgraça.


Não, não consigo achar graça nas festividades.
Não consigo esquecer-me daquele morto-vivo entre os sacos de lixo,
Confundo-me até se ele e seus clones não olham para os vistosos prédios do poder,
E acham, num último suspiro de vida, que são eles os ministros, 
Suas Excelências, o saber,
Pois têm no mínimo o mínimo que lhes resta  da festa imunda,
Até que sobra de pizza se funda,
Com ceias gordas de natal.


Feliz natal Sr. Nada. 
No Sr. eu vi tudo com clareza,
E tenho um desejo imenso de que Deus faça justiça rápido,
Pra que eu veja pela última vez, algum tipo de beleza!


Gláucia Carvalho
23.12.2011

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Valores

Uma gota d'água apenas
Fará a enchente na alma,
Derramará mais sangue que água,
Não deixará um trisco de calma.


Se não olharem mais os lírios,
Que são delírios, delicias do mato,
Se não abrirem mais as janelas,
Para que se entre sol de fato,


Tenho apenas a lamentar esta vida,
A vida que se corre para nenhum lugar,
Deixando o que é importante de lado,
Guardando o que vai acabar.


Acabando assim com a flor da flor,
Tirando cada dia mais do céu, 
As estrelas com seu brilho
Não vendo que o que há de mais precioso,
É quem te chama de pai e de filho.


Murchas as faces e flores como no rito,
Não há mais o que reparar, enterrado seu tesouro,
Na despedida mais doída,

Lamento, mas nesta rua, não há saída!



Gláucia Carvalho
primeiro de dezembro de 2011

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Finda

Se quiserem tirar de mim as rimas não me importo.
Se tirarem também as sinas, um tanto melhor.
Querem roubar-me o que restou de melodia?
Façam-no rápido.
Elas não me trazem mais alegria.
Se eu fui toda poesia e música
Neste meu estranho viver,
Não esqueçam de tirar esta dor maldita.
Ela indo, meu pranto findo,
Será descanso e morrer!


Gláucia Carvalho
26.11.2011

(dedico a todos que sentem dor crônica. Ainda que seja na alma.)

domingo, 20 de novembro de 2011

Jaboticabou

Jabuticaba? acaba!
Que frutinha ingrata!
Eu amo a danada, ela vem num repente,
Enche o bucho da gente e numa chuvinha qualquer,
Cadê a jabuticaba? Jácabou!
Mas já?
Aquele tanto da danada, que deixou as galhas lotadas,
Pelo chão se esparramou...
É torcer por uma temporã,
Podia ser qual maçã, que nasce o ano inteiro...
Mas NÃO!
Ela faz questão de aparecer num repente,
Encher o bucho da gente,
Deixando fartas as galhas,
Que ninguém conseguirá sequer colher,
Pra cair num instante, virar esterco e feliz morrer...
Ah frutinha ingrata!
Ela veio e ninguém notou...
Quando me dei conta da bolinha escurinha,
Que faz ploct, pluft, nhoc!,
Veio a triste notícia:
JABUTICABOU!!!


Gláucia Carvalho
22.6.2006
(inspirada numa frase que o Rogério Carvalho, meu irmão falou... "JABUTICABA ACABOU! JÁ???)

domingo, 13 de novembro de 2011

Sol e Lua

Nós éramos mais que tudo
Mesmo em tudo um vazio
Que me dava medo e frio
Da saudade que eu já tinha dela.


Ela, uma flor amarela.
Do sol, as nuances refletindo.
Eu em tons cinzas obscuros,
Era lua e a chuva caindo.


Dizem que quando alguém parte
Que em você cabe só a saudade,
Este alguém passa a ser uma estrela
E eu vi de uma estrela só a  metade.


Assim como o tanto que não entendo
Como a metade de estrela que vejo daqui,
Fico sonhando em fundir-me com ela
E brilhar plena dela quando eu partir.


Gláucia Carvalho
13.novembro.2011

domingo, 30 de outubro de 2011

Sorriso de Deus

Quem mede na concha de suas mãos os oceanos
Quem faz o tempo parar e para Ele não importa se um ou mil anos,
Quem criou cada estrela neste complexo indecifrável,
Quem deu a cada estrela seu próprio nome?

Quem é capaz de ser tão intenso em amar,
Que suas misericórdias duram eternamente,
Assim como são renovadas a cada manhã,
Quando a minha manhã, já é o entardecer de outro alguém?


Estes outros tantos que Ele ama por igual,
O homem criatura à sua imagem e semelhança
Quem mais que a nós  Ele amaria?


Uma encarnação do trono para a estrebaria,
Um homem simples que não teve nada além da cruz,
E que é a essência do grande Criador.
Amor, amor, amor, amor!


A Ele toda glória,
Para Ele tudo que sou
E que os sussurros dos santos penetrem em minha alma,
Lembrando-me de onde vim e para onde vou!

Gláucia Carvalho
30.outubro.2011
(readaptado depois  de um singelo alerta, à luz da palavra, por um grande poeta e grande amigo. Obrigada D.)

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Espera

Vou vivendo a vida traiçoeira,
Jurando que esta tarde é a derradeira,
A que me trará o sono eterno,
Ao lado de quem por nós se deu!


Não fui eu, eu nada merecia,
A Ele apenas cabia,
Amar-me sem cabimento,
Onde ciência e entendimento,
Se confrontarão até o fim.


Eu vivo dia após dia,
Aguardando a maior alegria,
Meu sonho mais antigo,
De ver meu melhor amigo,
Meu pastor e salvador,
Após o esquecimento das coisas daqui,
Aprender as melodias quem ninguém sequer pode imaginar,
Guardadas, sagradas, entoadas, por aqueles a quem a Ele se entregar!


Gláucia Carvalho
26.10.2011

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Agonia

Por uma rima
Perdi minha sina.
Por um soneto,
Uma poesia,
Perdi mim mesma,
E a alegria.


Poetas ingratos,
Que nos enchem os pratos,
Com seus dizeres fatais,
Mal sabemos lá quantos venenos,
Engolimos nos finais.


A esperança da semente brotar
De vir sombra, um balanço e a menina a voar,
Decorados seus sonetos, suas poesias cantadas,
Pouco sabe ela que mordeu a isca,
Já maldosamente premeditada.


Aviso aos navegantes.
Fujam da pedra no caminho,
Fujam, antes que seja tarde,
Ser o que se mói e o moinho.


De preferência não leia nada,
Apenas observe ao longe,
Porque se te morde a praga,
De viver presa como um monge,


Sua tristeza será amar os poetas,
Amar loucamente a poesia,
E não tem mais jeito vira sangria,
O que te salva e também te mata em agonia!


Gláucia Carvalho
25.outubro.2011

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Urgência

Trovão, troveje!
Chuva, chova!
Morte, morra!
Amor, não demore!
Vida, clame!
Chama queime!
Eu? ame!


Gláucia Carvalho
13.outubro.2011

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Calmaria

Tempestade lá fora
Parece que o universo conspira
O meu ser quase não respira
O instante de agora.


Mas embora pareça distante
O socorro em mim interfere
Mesmo achando-me no último suspiro
O consolo que ao Santo confere,
Me deságua por rio tranquilo
Sinto a calma do Pai sendo filho,
Sinto o gosto do ai ir embora
Calmaria dentro em mim, aqui e agora!



Gláucia Carvalho
(final de 2010)
Dedicado ao meu irmão Rogério

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Poetas

Depois de tanto ler exaustiva,
Os poetas que de poetas exalam melancolia,
Entendi que a pretensão de ser como eles,
Nos custa gestacionar a poesia.


E com ela todas as dores e agruras,
De uma mãe que se doa até o limiar,
Onde fica o sorriso da criatura,
Onde mora o eterno chorar.


Pois aquilo que já findo não tem volta,
Tenho certeza de que muito poeta se arrependeu,
De ter escrito em obra de arte,
O que era só seu mas que infortunamente, nasceu.


Gláucia Carvalho
6.10.2011

sábado, 10 de setembro de 2011

Extrema beleza

Incompreensível, irresistível
Incompatível com a capacidade humana
Este som que do celeste emana
Por mãos, pés, boca mortal

Sabe-se lá de onde vem tanta harmonia rara
Tanta melodia cara
Que é impossível estimar-lhes valor
De onde vem se não de um coração sensível
Aquilo que é pra alguns imperceptível
Se imacula, pra ser em forma de som, a própria dor
Por ser em forma de dom o próprio amor

Se torna santo, sacro, reverenciado
Por ser a dor e amor de uns, por outros amado
Que sorriem ou choram, se revelam, adoram
Complicam, explicam, deliram
Conforme sentiu o autor

Que é só coração quando cria
Que não imagina que sua graça e poesia
Vai arrancar mais suspiros que possa supor
Vai arrebatar corações, com sofrimento e prazer
Com doçura e tanta vida, que autor e ouvinte se fundem e
confundem
Se aquilo é mais vida, ou se já é hora de morrer!!

Gláucia Carvalho (ouvindo Mike Stern)
25.2.2003

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Reflexos

Não sei o que me sinto
E se sinto eu não me sei
Quero voltar novamente
Ao lugar em que me achei.


Pois aonde eu fui pedida
Minha alma se escondeu
Continuo ainda perdida,
A pensar se eu sou mesmo eu.


Aparecem no reflexo do espelho,
Os flashes do que poderia ter sido
Mas o que não reconheço em mim
Ofusca o meu eu perdido.


Gláucia Carvalho
9.setembro.2011

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Divago

Os tempos divergem vagos,
Nada diferente debaixo deste sol,
Como espigas de milho no paiol
Nos amontoamos anônimos de nós mesmos.


E cada qual com seu umbigo,
Escuta só o que quer ser ouvido,
Fala só o que quer falar,
Abstraídos de outro ouvido, de outro olhar.


Eu divago vaga e impotente,
Não entendo esta gente,
Que não pensa noutra gente!


E eu divago devagar e sempre,
Não nasci para este mundo louco,
Daqui quero só o meu pouco
E necessário pão de cada dia.


Também quero a flor viva e a poesia,
Meus rebentos alentados pela alegria
De como eu, saberem-se inadequados,
Nesta terra, mas por Deus guardados.


Divago vagamente sobre a semente,
Aquela que pra nascer novamente,
Necessita morrer.
Certamente frondosa e frutífera árvore,
Dará à terra como exemplo, 
De que nesta nossa história,
Vivemos o aqui e agora,
Mas nosso presente presente,
Já é viver de glória em glória!


Gláucia Carvalho
26.agosto.2011

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Viagem

E de tanto voltar
De onde jamais fui
Comecei  a acreditar
Que nenhum lugar se exclui.


Mesmo quando vou
E voltando "viajada"
Trago lembranças aos meus
Pequenos objetos de nada.

O que importa é que sonho
E se sonho dormindo ou acordada,
Já não preciso de passaporte
Tenho em mim grande sorte 
De sair mesmo ficando.
De partir mesmo estando.
E então desejar que de "lás"
Estou novamente voltando.


Gláucia Carvalho
8.8.2011

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Desencontro

Ele partiu logo que soube
Em seu cavalo alado
A procura da bela que dormia
O seu sono encantado


Ele encantado dela,
Enfrentou um mundo hostil
Não importava, intrépido o herói viajava
Para ver o que ela ainda não viu.



Ela, no vigor da juventude

Tão linda, tão serena dormia
E assim sonhava há anos,
Com o príncipe de quem não sabia.


Mas se em sono estava
Aquela que foi tão amada 
Por tantos desejada,
Do sono não quis acordar.


Ele certamente a acharia
Como no sonho um dia,
A acordaria com o seu beijar.


Mas que desgosto e tristeza
Ele era ela mesma
Que estava a procurar
Ela e ele choraram no encontro em vermelho
A dor de correr atrás de si mesmo,
Através do próprio espelho.


Gláucia Carvalho
22.junho.2011
(PARAFRASEANDO FERNANDO PESSOA - O melhor!)

domingo, 17 de julho de 2011

Devoção

Não me sei, não me possuo.
Tenho algumas manias apenas.
Que ainda deverão ser eliminadas ou lapidadas,
Pelas mãos de Quem me tem.
Ele me sabe por inteiro,
Eu prefiro somente me prostrar,
A Quem assim por inteiro,
Se deu por mim, por tanto me amar!

Gláucia Carvalho
17.7.2011

domingo, 10 de julho de 2011

Tamanho

Como eu posso medir com fé tão pouca
A grandeza e a misericórdia de Deus
Seria eu tola e louca
Sempre envolta nos amores Seus.


Por vezes sinto um vazio no peito
Uma dor aguda da solidão,
Aí relembro o Filho dado
Por me amar, pelo perdão.


Pelo anseio de ansiar
Pelo receio de recear
Pelo recado não recebido
Simplesmente por não ter lido!


Vislumbro suas mãos segurando os mares,
Sinto sua voz, mandando nos ares,
Ele que tem controle de tudo e todos,
Poderia acaso me esquecer?


Não a minha vida não é um acaso,
Não é um caso perdido,
Quando eu fui por Deus achada,
Eu vivi, embora tenha morrido!


Gláucia Carvalho
10.julho.2011

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Partida ao meio ou Partida no meio

Eu queria ter pra dar, eu não tenho.
Eu queria mais lágrimas pra chorar,
Me contenho.


As últimas já encheriam um mar,
Salgado, malvado de solidão.
Ah quem dera fosse doce esta água,
Ah quem dera em vez de mar, tivessem no chão,

As minhas pegadas pregadas,
Em alguns espaços só meus,
Ah quimera , quem dera, quem dera,
Nunca mais um adeus!


Só me restam alguns restos de palavras,
Que expressem um traço do que eu era,
Pois os lados ambíguos de mim mesma,
São inverno e também primavera.


O primeiro é lotado de dor e saudade,
O segundo é farto de amor e bondade,
O primeiro me faz sempre querer ir,
O segundo me diz para não mais partir...

E num parto doído eu parto vazia,
Do que eu reneguei, do que não tive pra dar,
E assim eu me escondo por medo e desgosto,
E não sou achada, sem nem mesmo sair do lugar.


Gláucia Carvalho
5.julho.2011

terça-feira, 5 de julho de 2011

Tanto que amar

Eu passeei na floresta,
Fui buscar umas flores
Eu tenho tantos amores.


Fui passear lá no bosque,
Atravessei o poste,
De onde se vai à Nárnia.
Lá de encantos e castigos,
Tentei trazer um bocado de manjar,
Eu tenho tantos amigos!


Fui tomar banho de cachoeira,
Pra lavar a alma inteira
E buscar da mata uns perfumes,
Eu tenho tantos costumes.


Estou planejando ir ao cume,
De uma alta montanha,
Talvez de lá voar,
É tão denso o meu pensamento
Eu vivo este momento,
E tenho tanto que amar!


Gláucia Carvalho
5.julho.2011

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Entrega

Como imaginar que os caminhos traçados
Onde eu iria percorrer, que eu iria andar
Já eram por Deus premeditados
Muito antes d’eu existir, tão antes de estar lá

É melhor nem questionar sobre as pedras e os percalços
Pelos quais eu ando trôpego, sôfrego, nu e descalço
Elas fazem parte da minha trajetória
Pra que eu seja melhor e bem melhor a minha história

Aprendendo com o difícil, crescendo com o inesperado
Otimista com o futuro, realista com o passado
Pra que nova estrada e rumo, me ensinem sempre a ser
Dependente do Deus Santo, e com Ele aprender

Que enganoso e tão frágil, é o meu coração
Que o meu futuro, longe dos seus planos
É escuro, fútil, é apenas vão...
Que eu posso até sonhar, mil planos pra fazer
Mas a resposta certa vem dos céus
Só Deus pode dizer

Que jamais um olho viu
Ou nenhum ouvido ouviu
O que está preparado, com carinho para os Seus
Para os que amam, que esperam
Para os que entregam TUDO a Deus!

Gláucia Carvalho
13.11.2001

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Nada que valha uma "poesia"

Eu quimera que não doera,
Primavera de pó e poeira,
Sem perfume, sem graça, sem cor.
É este o retrato da dor.

Gláucia Carvalho
29.6.2011

domingo, 26 de junho de 2011

Presa na dor

Eu sou solidária com todos,
Porém solitária com o que sinto
Mesmo porque eu não consinto 
Com o que meu corpo sente.


Não consentiria com os seres que respiram
Que sentem algum tipo de dor
Destas que não te largam
Destas que te amargam
Na cadeia da solidão.


Já não sei mais o que é normalidade
Esqueço até minha idade,
Porque pouco importa para mim.
O morrer me seria lucro
Podiam colocar em meu sepulcro,
"Aqui jaz, finalmente em paz
Quem foi bem mais intensa do que se imagina
E por um desvio  na história, sua sina,
Foi sentir uma dor tão fina,
Que jamais celebrou-se tamanho alívio!"


Chego a sonhar com o luto sereno,
Daqueles amados que chorarem por mim.
Eu, plena, descansada, sem avisos desta vida,
Certamente diria: - Nunca fui tão feliz assim!


Gláucia Carvalho
26.7.2011


(solidária com todas as pessoas que sentem qualquer tipo de dor crônica. Deus os abençoe!)

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Correria atrás do vento...

Não me segure eu tô com muita pressa
E vou correndo atrás do quê? Nem sei...
Deve ser algo, bom demais! A beça...
Eu busco tanto e ainda não achei

Eu vou porque nunca tô satisfeito
Eu tenho tanto e é vago o meu peito
O meu dinheiro nunca dá pra nada
O meu trabalho nunca é bom demais
A minha vida é só uma piada
Eu rio dela e ela chora mais

Que ironia eu imaginar, que ser feliz é
só ano que vem
Quando eu crescer, ou quando eu me
formar
Ou viajar de trem, pra encontrar um
bem
Quando eu for rico, quando eu for
bonito
Quando o meu time for o campeão
Quando eu casar, quando eu me
aposentar
Quando enfim eu for ser o patrão

Vou ser feliz quando o neném nascer
Não! Não... vai ser melhor quando o vir
maior
Independente, livre pra escolher
Não! Por favor... eu vou sentir-me só...

Vou ser feliz quando chover de menos
Vou ser feliz quando chover de mais
Vou ser feliz quando mudar de vida
Se nos jornais falarem sobre paz

Quando só eu ganhar na loteria
Quando um grande amor eu
encontrar
Quando eu for famoso que mania!
Vou ser feliz quando me aposentar

Vou ser feliz quando plantar uma
árvore
Tiver um filho e um livro escrever
Vou ser feliz depois que mais ou
menos
Vou ser feliz só quando eu morrer

Essa é a minha e é a sua história
Só de passado e um futuro incerto
Quando dá pra ser feliz agora
Se no seu dia tem Jesus por perto

Ele rompeu com toda estrutura
De sonhos, planos, fase ou o que se
quis
E nos provou que sangue puro cura
Com Ele tudo ou nada, é ser FELIZ!!

Gláucia Carvalho
9.6.01

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Morrer é viver!

Olhei, miopia!
Cheirei, alergia!
Provei, azia!

Toquei, fobia!
Saí, histeria!
Corri, sangria!
Fugi, analgesia!
Morri, calmaria!

Gláucia Carvalho
10.3.2006


"Mas Deus sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, - pela graça sois salvos..." (Ef. 2:4-5)

domingo, 12 de junho de 2011

Eu quero um amor




EU QUERO UM AMOR

Não sou perfeita, que desfeita!

Ousar um amor-mais-que-perfeito!
Isto é nome de filme, de flor,
Tatuagem imensa no peito,
Nos braços, nas pernas, pescoço,
Não existe! Não exija! Não implore!
Ninguém tatua o seu osso!

Ninguém desenha a face de outro,

Lá dentro da sua alma,
Nunca vi tatuado um romance,
Nas batidas de um coração!
O que é pele? Só pele, se arranca e nasce outra nova,
E tatua-se os novos e efêmeros amores, que se vão...

Não quero meu nome tatuado,

Não quero tolices de um príncipe encantado,
Prefiro sim, a raposa de “Saint-Exupery” que disse,
Sabiamente o que deveria dizer.
Não quero protocolos, frescuras,
A sensação de ir ao palco em cada encontro,
Maquiagens, máscaras, que agruras!
De não ser eu, no afã de simular um falso encanto!
Quero ser eu, de manhã, de tarde, à noite,
Quero ser eu, por toda a madrugada,
Quero andar descalça, não pentear os cabelos,
Usar a camiseta furada, amarrotada, do avesso!

Quero cantar quando tiver vontade,

Quer ouvir uma música mil vezes do começo,
Quero o respeito de em meu peito guardados,
Meus pais, filhos, irmãos, meus amigos sagrados,
Quero poder dividir-me com outros, com outras,
Com aqueles que precisem, necessitem de mim,
Sem ter um olhar perseguindo-me ferino,
E uma voz a dizer-me, entre um salmo e um hino,
Que eu devo ser o meu lado ruim!

Não, não! Já basta! Fui gasta, fui casta,
Fui caça de um leão que anda em derredor,
Quase fui tragada e estragada assim,
Clamei socorro ao que É Maior!
E num milagre, novo abate de ego,
Nova mulher, tal qual a menina de outrora,
Esta que fala agora: - Não sou perfeita!
Não aguardo um perfeito, que tatue em seu peito,
Meu nome como prova de amor!
Prefiro minha alma em sua alma,
Meus defeitos, minha calma, as virtudes, atitudes,
Meus segredos, medos, pecados, todos nele guardados,
E vice-verça, na mesma medida!
O meu selo, zelo e vida, tatuados por todos os lados,
Que não se vê, apenas se crê, se espera, suporta!
Nunca se trái, se tranca a porta,
Que vive a alegria e a dor!
Isto se um dia, quem sabe um dia,
Eu for ter, mais que um imperfeito amor!!

Perfeito mesmo, somente um!

Por ser Ele mesmo, o próprio amor,
Que aceita-me descalça, imperfeita,
Tal qual eu sou!
Que entregou-se por mim totalmente,
Como homem algum jamais o faria,
Desceu do trono à estrebaria,
Deus se fez homem e morreu,
Pra do escuro, trazer-me à luz
O amor perfeito já o tenho!
Tatuado em minha alma, JESUS!
Vivendo dentro em mim, JESUS!
E se minha pele eu vier deixar uma marca,
Eu quero que seja da cruz!


Gláucia Carvalho

10.2.2006

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Seria Salomão?
Nas rudes ruínas das riquezas de suas imensas conquistas, sabedorias,
Correrias atrás do vento e
nas entrelinhas de seus sábios pensamentos, tão notória solidão??? 


Gláucia Carvalho - Ago/2007

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Oleiro

Tudo é mistura escura
Mas quem faz vê mais que barro e pó
As palavras e atitude duras
Mostram casca feia
Mas quem faz o todo vê melhor

Quem faz já vê as formas
Quem faz já sonha planos
Quem faz sabe o que o barro pode ser
Se aquecido, batido, moído, tratado
Mexido, transformado, exposto, disposto a doer

O barro é só barro, se não há um artista
Que jamais desista do barro, por mais borros que tenha
Por mais erros e rasgos,
Este barro molhado, por suor do oleiro
Pode vir a ser vaso, pra caber mais que “um inteiro”
E jorrar coisas boas, mina d’água do oleiro
Água pura e boa, de quem viu mais que barro
Com seus olhos de oleiro
De quem faz mais que um vaso
Com suas mãos (e milagre) de oleiro!

Gláucia Carvalho
10.12.02

terça-feira, 7 de junho de 2011

Um pouquinho

Um pouquinho de tudo cairia bem
Um pouquinho de nada cai bem também!
Um pouquinho apenas pra adoçar,
Um pouquinho apenas pra salgar.

Um pouquinho de música

Aquela que é tão minha, tão nossa
Que meu coração dance de alegria e paz
Enquanto eu escuto um pouquinho de bossa.

Um pouquinho de amor,

Um pouquinho de afeto
Um pouquinho do que preciso,
Para sentir alguém por perto!

Um pouquinho e muito de carinho

Um tanto bastante de amizade,
Uma conversa fiada na cozinha,
Para eu não me sentir tão sozinha.

(tem alguém aí?)


Gláucia Carvalho

7.junho.2011

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Saudade

Ela nasceu no verão
E era feito flor,
Meus pais a chamaram Claudinha,
Eu a batizei de amor!

Ela se foi na primavera,
E me deixou sozinha,
Hoje eu a batizo de amor,
E choro a dor de Claudinha.

Gláucia Carvalho
4.junho.2011

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Vária

As vezes sou vária.
Numa condição de ser muitas em uma só.
Sinto saudade do meu minuto em sossego,
Depois que a vida deu um nó.

Um nó cego e sendo vária, cega fiquei,
Apenas para algumas coisas que não quero ver.
Mas mesmo sem querer, eu ainda vejo,
E distribuo em breves lampejos meus desejos.

Eles não sou eu, são apenas intrusos,
Que travam entre mim e mim uma luta crucial.
Eu exausta fico, a brigar comigo,
Sem comemorar quem ganha no final.

Se sou eu a vária se sou eu a que veleja,

Este oceano que em mim reside,
Com suas tempestades e suas calmarias.
Ah eu queria contar um pouco de dias,
Em que estou em paz comigo mesma.

Mas sinto ser impossível nesta terra,
Que se acerta, que se erra,
Não ser vária a tentar conter meu ser
Esta escreve algumas palavras,
A outra resiste bravamente ao que lê!


Gláucia Carvalho
2.5.2011

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Restos

As chamas ardem do que não sei.
Se pudesse abreviaria este tempo,
Onde não entendo o que irá ocorrer,
Se tudo foge à minha habilidade.
Resta-me da pureza a saudade,
...Resta-me não mais sonhar.
Restou o rascunho de uma melodia,
Mas ela me fazia chorar.

  
Gláucia Carvalho
27.maio.2010

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Dor

Ó dor, ó dor que num instante aflora,
Que jamais vai embora,
E maltrata a carne minha.

Ó dor, que dor é esta,

Que me deixa sozinha,
Que me deixa exposta
E indisposta também!

Ó dor que não me dá um tempo,

E me deixa sem tempo,
Para não fazer nada.

Você está brincando comigo,

O seu subjugar é piada!
Porém não sorrio e também não choro.

Eu apenas me escoro,

Num abraço de afeto,
Que te queima direto,
E te afasta, por alguns instantes, de mim.

Ó dor eu te imploro um trato,

Tome conta dos retratos,
E deixe-me em paz.

Nosso convívio me adoece,

E você sequer esquece,
Que não me pediu permissão para doer.

Faça-me este favor,

Antes que em agonia eu literalmente diga,
Que se pode morrer de dor!

Gláucia Carvalho

25.5.2011

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Coração

O meu coração não é terra de ninguém,
O meu coração tem dono!
Meu ser não está firmado em sorte,
Em cara ou coroa,
Em vida ou morte!

Alguém um dia bateu à porta da minha alma,

Com a calma de quem sabe amar,
Com o jeito mais suave e manso,
Com vida verdadeira a me ofertar!

Desde então eu pertenço intenso.

Desde então eu me ajoelho em devoção,
Por ter aberto a minha vida para quem é vida,
E trouxe tanta paz ao meu coração!

Desde então eu só sirvo a Ele,

Porque é D'Ele tudo o que tenho e sou,
E conto e canto para quem precisa ouvir,
Jesus é a realidade que o homem sonhou!

Gláucia Carvalho

19.maio.2011